Baiano é bicho engraçado.
Passa dez anos definhando numa cama. Fralda geriátrica. Sopa na boca. Máquina desligada. E quando finalmente descansa - é que baiano se cansa muito - o povo diz: "Fulano morreu de repente. Assim. Do nada. Puff! E se foi. Assim. Sem mais nem menos."
Conheci uns casos de suicídio mais ou menos parecidos.
As pessoas querendo soluções rápidas. Um amor. Um remédio. uma cura do vício. Um milagresinho assim. Pequenino. Mas potente. Um salva-vidas básico.
E a solução passava no focinho e elas nada de perceberem.
Ficavam lá. Presas em suas vidinhas tristonhas. Curtindo uma dorzinha cativa mantida à ferro e fogo.
"Não ouse acabar com meu sofrimento. É a única coisa que tenho."
Aí tem horas que só o suicídio mesmo.
Não o literal. Sem chance. Sem volta.
Mas um suicidiozinho besta. Assim. só prá variar.
Daqueles que mata uma parte, só prá ver no que dá.
Daqueles que a gente não tem a menor ideia do que vai dar, do que sobra, do que resta.
Só sabe que é outra coisa diferente do que era.
Sabe o Fulano?
Morreu.
Assim... De repente...
Sobrou eu.
Serve?