
"O mar/ quando quebra na praia/ é bonito!"
Salve Dorival Caymmi!
Gosto do mar pelo poder que ele tem. Pela força da água que derruba a gente e ainda faz girar na água, como se houvesse um ralo ali debaixo. Força centrípeta. Acho que é isso...
De quatro, feito mesa de boteco vagabundo, as pernas bambas - da mesa. O apoio é duvidoso. Sempre.
O biquini cheio de areia, o cabelo em escultura, a boca em pânico sem saber se grita, ri ou chora.
É o caixote!
O tão famoso caixote que destrói reputações e castelinhos.
Tem hora que não dá prá fingir que nada aconteceu e que o controle está em nossas mãos. Duvido alguém aí abrir a porta do castelo de areia tão bem construído. Duvido alguém aí se instalar nele e dizer que resolveu morar ali.
Tá aí a graça do mar: Ele abala! Ele escancara as crises. Ele esfrega na cara que como está não pode ficar. Então é melhor se entregar às ondas até achar a hora certa de sair da água.
Por que é que a gente nega sempre quando vai tudo mal? Por que é que a gente teima em manter umas ilusões quando até o vento já anuncia a destruição da "terra firme"?
O salva-vidas fica ali espreitando, esperando um aceno que nunca vem. Melhor morrer afogado a matar de vez a ilusão?
Sei não.
Duvido que os gatos, de sete vidas, se arrisquem assim no mar.
E como no quadro de Magritte aí embaixo, às vezes é preciso ver que os castelinhos são de areia. Que isto não é um cachimbo. Que os sonhos são... sonhos. E que a segurança da ilusão, (in)felizmente, não é à prova d´água.
