sexta-feira, 14 de março de 2008

PRÁ QUE SERVE ISSO?


A gente vai encontrando uns medos pela frente que nem sabia que tinha. E quando se dá conta, a fuga é uma bandeira só.
Mas foges de quê? Prá quê? por quê?
Eu fico aqui te perguntando, ao ver você se mexer desconfortável na cadeira aí bem em frente ao seu computador nessa tarde de chuva.
Volto à pergunta, só prá provocar: Por que tanto medo de análise?
Talvez sejam um monte de estereótipos que a gente vai montando e formando conceitos bizarros quanto ao que seja uma análise.
'Será que o cara que me escuta não escuta nada e só faz lista de compras que nem eu vi num filme?'
'Será que fazendo análise eu serei mero soldadinho de chumbo ou bonequinha de porcelana na mão do analista fazendo tudo o que ele quer?'
'Será que me curando da minha loucura, me livro também de minha criatividade, de meus devaneios, de minhas fantasias e sonhos prá ficar preso nessa realidade cruel que me soca o estômago o dia todo?'
'Será que na análise me descubro tão doente que só nascendo de novo prá ver se da próxima vez meu defeito tem conserto?'
O que é curioso é que tem um monte de gente por aí sem medo nenhum de se entupir de bolinhas e gotinhas, afirmando peremptoriamente - eu sabia que um dia usaria essa palavra - que se não usar essas coisas faz uma loucura.
O inferno é que, às vezes, tudo o que elas precisam realmente é de cometer a tal loucura.
Um virar a mesa, um quebrar os copos, uns gritos soltos ecoando pelo corredor e acordando os vizinhos, um tapa, um beijo, um strip tease,...
Análise não cura ninguém de si mesmo, nem molda os analisandos quanto à vontade de um pseudo-analista-todo-poderoso, muito menos amordaça as vontades mais íntimas trancando-as no mais fundo do mar profundo.
Ao contrário: De tanto a gente falar no analista, começa a prestar atenção em tudo o que tem prá dizer, só que sem aquelas chibatas terríveis que fazem a gente achar que o mundo só tá errado por nossa causa.
O que ela traz de bom é a possibilidade de usarmos nossa loucura - todo mundo tem, nem adianta negar - de um modo diferente: dessa vez A NOSSO FAVOR.

Fotos de Vinícius Guarilha

Um comentário:

Anônimo disse...

soraya, adorei a prosa toda aqui.beijo d´o carapuceiro