segunda-feira, 3 de maio de 2010

CHATO. TEM JEITO?

Uma vez perguntaram pro irmão do Henfil, o Betinho, se ele, do alto de sua nobreza, também possuía algum tipo de preconceito.
E foi aí que me redimi de todos os meus pecados seletivos, daqueles que a gente não conta pra ninguém, pois colocam uma cerca muito alta e eletrocutada separando pela diferença a gente dos outros.
Resposta dele: 'Sim. Tenho preconceito contra o chato!"
Se o Betinho pode, eu também posso.
Me liberei pra dar altos bocejos, daqueles que dão pra coçar o cérebro, e até pra dizer bastas, me levantar e ir embora, ou simplesmente pedir que quem incomodava se retirasse.

Larguei a ironia de lado, pois chato que é chato não capta quando o fora é com ele. Mudei de estratégia.
Nem quero aqui enumerar o que torna alguém chato, pois o risco de eu mesma me tornar um desses tipos abomináveis me capturaria ao certo.
Chato é chato e pronto.

Não sei se é congênito, estrutural ou genético.
Ou por simples gosto de deixar os outros exaustos pra ver até onde vai seu poder.
Falam muito, com propriedade, de tudo o que sabem. E chatos sempre sabem de tudo. Mas ocupam tanto espaço, sugam tanta energia, que a gente acaba entregando todos os pontos só pra ver se eles se cansam e vão embora.
Coisa que eles nunca fazem.
Ao contrário, elogiam você e dizem que adoraram a conversa - afinal, o ouvinte do chato geralmente é bom nisso. Escuta, escuta, ezzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzcuta........Concorda pra não discutir. E se bobear até adere ao cartão de crédito que o chato oferece, só pra ele nunca mais ligar.
Mas o que me preocupa aqui, e dessa vez queria opinião de vocês, é sobre o que fazer com o chato.
Tem remédio pra chato? Eu duvido muito.

E o que não tem jeito... Enjeitado está.
O Cazuza chegou até a fazer uma música sobre esse tema chamada 'não há perdão para o chato'. Mas acabou caindo numa chatice imperdoável. A música é terrível. Caso clássico do artista possuído pela obra.
Mas e cura? O chato tem cura?
Enquanto a gente encontra um e outro no elevador, na casa da tia, na fila de banco,... tá tudo sob controle. O relógio parece que atrasa um pouco, mas temos hora certa pro fim da tortura.
A gente atura um pouquinho, e depois vai pra casa e reclama deles, dos chatos, até pra gente se sentir muito bacana, se diferenciando dessas criaturas.
Não será isso já um certo contágio?
Chato não só cutuca, como pega.



Tem uma técnica infalível pra lidar com chato: Aperte o 'mute' e treine sua capacidade de concentração. Mas cuidado. Depois de ele explicar tudinho, certamente fará uma arguição dos pontos principais.

Vixe. Não falei que pegava?

Ó eu aqui dando aula e caindo na armadilha!

8 comentários:

Sylvia Araujo disse...

hahahahahah
Eu não supooooorto chatos. E não acho mesmo que tenha cura. Já aderi à muitas técnicas, mas os "meus" chatos são tão chatos que conseguem driblar toda e qualquer técnic e ficar ainda mais chatos. Quanta chatice! rs

Ótimo, Soraya.

Beijoca

Unknown disse...

Fantástico Soraya!!!! O que fazer quando não há escapatória? Ou por que será que nos permitimos conviver tão de perto com alguns deles? Olha que você está me fazendo repensar... você sabe, rs,rs... beijo e parabéns pelo texto
Monica

Pervitin Filmes disse...

Ótimo texto Soraya. Tenho um irmão que se encaixa perfeitamente nisso, é um puta chato. Daí eu o evito, porque ele é realmente muito chato, daqueles que pensam que sabem de tudo, melhor do que todos.

Um abraço.

Sandro
www.pervitinfilmes.blogspot.com
Você sumiu do meu blog...

Jairo Farley disse...

Será... que... eu.... me... identifiquei??? rsrsrsrs

Nanda Melonio disse...

todo mundo tem um quê de chato. a gente se permite conviver com alguns pq desconhece a chatice da pessoa e, de repente, qd descobre, já é tarde demais e a amizade/amor ou sei lá o quê já está ali, com raízes, e fica bem difícil se desvencilhar. ou, como é o caso do sandro, o chato está na família e a gente precisa aturar. enfim, tds somos meio chatos, meio doidos, alguns em maior ou menor grau. depende da proximidade e da convivência. e tem os chatos de galocha, mas deixa esses pra lá... ;-)

beijos, so!

Miriam Esperança disse...

Soraya gostei de ler sobre sua visão de chato rs... que negocio é esse de curar o chato? Cura não existe, ser chato é quase um gozo segundo Osvaldo Montenegro, veja como ele coloca a visão do chato na sua música.
"Ah, todo chato é bonzinho
nunca nos faz nenhum mal
ah, todo chato é calminho
como se faltasse sal
Ah, todo chato te conta
aonde passou o Natal
E sempre te da um dica
de onde ir no carnaval
Ah, todo chato cutuca
pra você prestar atenção
chama cabeça de cuca
e arranha um violão
diz que inventou uma música
e toca as seiscentas que fez
e quando você abre a boca e boceja
ele toca tudinho outra vez
Ah, todo chato é gosmento
mas não há como evitar
eu sou um chato e meu Deus não me agüento
só me tacando no mar."
Então só posso concluir que chato é um estilo de vida, cada chato no seu contexto e antenado com sua época. um grande beijo.

soraya.magalhaes@gmail.com disse...

dizem que tudo na vida tem um lado bom.
menos o lp do Oswaldo Montenegro.
e não é que ele fala de chato com uma propriedade invejável. vai descrever bem assim láaa longe.
kkkkkkkkkkkkkkkkk
Bjões Miriam.

Artur César disse...

sorte de quem tem dislexia, apenas concorda afirmativamente com a cabeça e pronto. capaz das horas passarem ate mais rapido