segunda-feira, 22 de junho de 2020

VAMOS LEVAR SÓ O ESSENCIAL, TÁ?


As mensagens de promoção não param de chegar, me oferecendo incríveis tênis de corrida, por exemplo.
Como pude viver uma vida inteira sem isso? Talvez porque nunca tenha gostado disso.
Aproveite! Cadastre-se! Compre agora! Não perca a oportunidade! E você sabe: Crise significa oportunidade, já dizia o sábio chinês.
Talvez, segundo esse pensamento, a escola, ou, mais amplamente, a educação esteja sendo tão atacada na última década. Nem preciso apelar para os saudosos termos com licença, por favor, obrigada,... Falo de funções mais elaboradas. De enunciados de provas discursivas, com várias linhas a serem preenchidas: "Desenvolva seu argumento!" e "Ponha na ordem de prioridades!"
Parece haver, atualmente, uma antecipação enorme, uma grande ansiedade em acelerar processos, mesmo que isso signifique um retrabalho, um fazer de novo interminável. Play it again, Sam! é a ordem encoberta, que ecoa sem parar, que ressalta tamanha pressa em acabar logo essa fase, na mesma medida em que tenta dissimular que está tudo sob controle. 
Mas no desenvolvimento do argumento há a pergunta gritando na orelha: Controle de quê?
Ontem, por aqui, e em várias partes do Brasil, o comércio reabriu, reabrindo também passeios, festas, estradas... Um monte de gente tirando fotos sem máscaras, em bares, com pessoas que eu aposto quanto quiserem que não seriam as de sua escolha se realmente tivéssemos nos liberado do vírus invisível. E uma afirmação de não se dobrar aos desejos externos de reclusão no aconchego do lar. 
E então a pergunta grita de novo: Não se dobra? Que liberdade é essa a de sair por aí quando há um decreto? Livre para quê? e de que prisão falamos?
O medo da escola aparece de novo, no pavor do tema livre da redação. No branco que dá ao ver uma pagina em branco. 
Não sei se todo mundo se questiona sobre as razões do outro. Mas quando o outro sequer consegue desenvolver seus argumentos, como mandava a tia na prova. Quando sequer consegue ordenar suas prioridades, parece que nos forçamos a fazer essa parte também. Só que não dá. Sinto muito.
Não cabe responder pelo coleguinha, já que fazer a parte do outro aumenta a mediocridade e pode até eleger presidente que não faz nada de útil. Está provado cientificamente - Olha o perigo em colocar o nome dos outros no trabalho em grupo.
Mas cabe perguntar. Cabe exigir máscara. Cabe até dizer não ao pedido do ansioso suposto malandro que não conseguiu sentar seu rabo em casa durante uma peste que mata tanta gente. 
Eu só posso percorrer meu próprio caminho. E, sinceramente, não usaria tênis de corrida para isso.

3 comentários:

Unknown disse...

Extremamente propício.
Para que ?
Porque não se importar?
Grata pelas palavras, assim encontramos os iguais

Unknown disse...

Vlw Soraya pela caminhada de luta no mesmo alvo, persistindo sempre e batendo colocado no pau do nariz do capital. Te amo gata bjo

Unknown disse...

Vlw Soraya pela caminhada de luta no mesmo alvo, persistindo sempre e batendo colocado no pau do nariz do capital. Te amo gata bjo