segunda-feira, 8 de março de 2010

É HOJE SÓ. AMANHÃ NÃO TEM MAIS.

Contrariando as expectativas e conceitos pós-modernos, venho por meio destas mal traçadas linhas afirmar que, ao contrário do que prega a musa travestida Jane di Castro, ser mulher é muito mais do que se vestir como tal. Dizer isto, aliás, é o mesmo que um antropólogo afirmar que para ser índio, basta usar cocar. Quem pensa assim não pode ser nem antropólogo, nem índio. Prá começar, largamos com uma aparente desvantagem de ter um, e apenas um dia no ano. Mas a gente não se queixa desta festa rosa não. Afinal, nós temos um dia. É até interessante um dia separado do dia das mães, já que somos mais do que úteros peitudos ambulantes. E não é preciso parir para afirmar um gênero e uma sexualidade. Mas o dia da mulher é legal não prá fazer festa prá mais uma 'minoria', que isso é coisa de gente chata e preconceituosa, de bandeirinha na mão, e odiando tudo o que não seja de seu clubinho. Embora a gente não tenha desconto em cinema, floricultura ou sapataria, hoje o dia é de passar batom. Acho que a gente merecia o Barry White cantando em todos os alto-falantes da cidade. Ou até o Roberto Carlos, o Chico Buarque... Mas a gente se contenta com pouco. Eu só fico com pena é dos homens que estão sem um único dia pra se afirmarem como tal. Mas se tem uma coisa que mulher gosta de fazer, é ter pena de homem. Esses meninos eternamente desorientados que não tem a menor ideia do que fazer diante de um quadro desses. Esses que jamais viram seus pais beijando suas mães, e definitivamente não sabem que atitude tomar quando estão perto de uma mulher. Não me venha com a ladainha de que a mamãe traumatizou. Não falo disso. Mas agora que sumiram com nosso ponto G, me digam, o que os pobres coitados sabem fazer se digitar a senha não é mais o procedimento correto aceito por esse banco? Será que eles abrem a porta do carro? Ou isso é subjugar o poder de uma mulher abrir sua própria porta? Tanta bobagem só pra complicar uma continha que antigamente era tão fácil. será que ensinam nos livros? nos filmes antigos? O que é ser mulher ou homem? ou tudo se reduz à indumentária? 
O quadro aí de cima foi pintado por Courbet em 1866 e se chama 'A origem do mundo'. Resolvi começar o post do meu abandonado blog com ele, mostrando bem que a roupa é o que menos importa prá ser mulher, homem, travesti ou elefante.

8 comentários:

Paulo Nideck disse...

Me assustou!

Em relação ao homem antigo.
Gosto do Salavatore do Cinema Paradiso.

Roberto Medeiros disse...

Hey Soraya ! Em tempo ... Parabéns pelo dia de hoje !!! Bjn !

Pervitin Filmes disse...

Quem nos dera o Barry White em todos os auto-falantes...
Um abraço e parabéns pelo texto.

Sandro Neiva
www.pervitinfilmes.blogspot.com

Miriam Esperança disse...

Ola, Soraya começamos a engatinhar, a obra de arte é linda, impactante. Parabéns pela ousadia em postar uma arte que mostra que ser mulher necessariamente tem que ter um corpo de mulher biologicamente formado... e essa é a primeira constatação da biologia. Ainda há um logo caminho a ser percorrido, mas com certeza as palavras não dará conta do objeto e tão pouco dará conta do significado. Um forte abraço

Waro de Oliveira disse...

A origem e o melhor do mundo!

soraya.magalhaes@gmail.com disse...

o biológico é o começo mas não tudo mesmo.
Mas prá ser mulher, não dá prá negar a existência da vagina.
prá isso já tem religião.

Jairo Farley disse...

Sei que é um risco dizer isso em um post com tendência feminista mas... Uma lâmina fez alguma falta na origem do mundo... rsrsrs

soraya.magalhaes@gmail.com disse...

tendência feminista aqui?
tá aí uma causa que acho mesmo muito burra.
esse negócio de separar as coisas, afirmando que não há diferenças entre gêneros é de uma imbecilidae tamanha.
eu acho gosto é quando há troca.
quanto à lâmina é só tendência da época.
Hoje talvez viesse um nome gravado, afirmando posse de alguém. mas isso eu tb acho muito cafona.
abraço Jairo. e volte sempre.