domingo, 7 de outubro de 2007

"ODEIO POLÍTICA"


Essa frase é constantemente repetida em qualquer lugar onde a gente vá. Frequentemente ouvida em consultórios e filas de banco. Facilmente compreendida em qualquer situação em que a gente não queira dar muito parecer, passar recibo de que a aposta que a gente fez acaba ficando mesmo sem recibo, sem garantia, sem satisfação garantida ou seu dinheiro de volta.
Já dizia o louco bigodudo Nietzsche que a diferença entre a ditadura e a democracia é que, na segunda, a gente escolhe quem vai mandar na gente.
Não quero aqui defender ditadura ou democracia num ou isto ou aquilo muito do empobrecido. Ao contrário, minha pergunta é: Por que delegar?
Depois dos comentários sobre o filme do Bope - digo de novo que é um excelente filme. O que mata, literalmente, é que não seja ficção - senti uma onda de escolha no ar, como se a gente pudesse escolher quem vai tomar conta da gente. Se o Bope, o tráfico, a polícia ou a elite alienada.
Mas por que é que eu tenho que escolher entre um desses?
Saindo do filme e indo pelo mundo afora a gente encontra outros exemplares eleitos por aí, os quais teoricamente 'tomariam conta' de nós, zelariam pela justiça e nosso bem estar, mas que olhando de perto não é bem assim.
É até reconfortante achar que alguém olha por nós. Que não estamos sozinhos. Que tem um 'responsável' por nossas proezas e até por nossas desgraças.
Falando nisso, as bancas de jornal estão abarrotadas com matérias anti e pró Che Guevara, explicitando bem essa idéia de que temos que escolher entre um - e só um - desses caminhos.
Mas se é prá escolher entre militares ou comunistas, Zé Pequeno ou Capitão Nascimento, alienação bronzeada ou intelectualidade amarga, fico com os shows de calouro mesmo. E dou bananas prá todos esses outros sem-talento.
Em Elke nós confiamos!

5 comentários:

Paulo Nideck disse...

Faço questão de delegar politicamente por questões óbvias de organização social, sou anti Che e escolho a elite intelectual bronzeada e sarada.

O cidadão que odeia política e não conhece as instituições vive numa sociedade sem consciência de como ela está organizada e do papel que nela representa. Esse não é mais do que um autômato sem inteligência e sem vontade.

soraya.magalhaes@gmail.com disse...

a frase 'odeio política' no texto está entre aspas.
a política está em tudo. e vc goste ou não, ela está lá.
minha pergunta foi outra. por que delegar?
no filme do Bope, por exemplo, vi essa tropa defendendo o papa, outros policiais, e tendo orgasmos quando torturavam outros.
enfim, não me identifiquei.
por outro lado, tinham os traficantes que de santos e com consciência social tb não têm nada.
e aí a gente abre o jornal e vê a moça que engravidou do senador pousando na playboy.
e vc vem me dizer que delega por motivos óbvios?
quais?

soraya.magalhaes@gmail.com disse...

claro que se fosse prá escolher jurado podiam ter vários aí na foto. mas claro tb que escolhi a Elke, apátrida, perseguida, anárquica e irreverente.
enfim, maravilhosa!!!

Anônimo disse...

Querida Soraya,
acredito que delegar seria necessário sim, pois legitimamos a força apenas na mão de um, o Estado, em nosso caso, teoricamente limitado por leis.

O homem em sí é limitado por suas paixões, que sejam: vaidade no que tange a alma; e interesses no tocante a matéria.

Na obra "Contrato Social" de Hobbes, têm-se que a base do Estado é contratualista, no qual certo nº de indivíduos estabelecem entre si a renúncia àquele direito ilimitado e potencial sobre todas as coisas (que até então só trazia insegurança, anarquia e guerra), e transfere esse direito para uma tercera pessoa, o Estado, com a dupla finalidade de: retirar das próprias mãos a principal arma da ofensa recíproca; e de confiá-la em quem possa empregar em defesa de todos.


Este ente artificial, supostamente deveria estar livre destas paixões, e agir pelo bem comum.

E é daí que surge não só a sua, mas a minha indignação, ao constatarmos que apesar de ter sido criado um ente artificial, este é composto por homens descomprometidos e corruptos.

Soa como o cachorro correndo atrás do rabo.

Mesmo assim, acredito que não é liberando de vez as paixões, acabando com o contrato social e instituindo uma anarquia, que resolveremos este problema.

Platão dizia que a anarquia era um governo de semi-deuses, ou seja, pessoas modestas e evoluídas espiritualmente.

Falta um bocado pra nós!

Enfim, temos que lutar pela conscientização dos deveres e direitos dos cidadãos e dos funcionários públicos, capacitando, delegando, fiscalizando e cobrando destes.

Anônimo disse...

Falo do meu caso, a partir de Portugal. Há uns anos eu interessava me minimamente, como outro cidadão, lia jornais etc...No entanto e apesar de todos os esforços e trabalho que fiz ao longo destes anos não foi valorizado e hoje em dia não tenho emprego, porque o contrato acabou e não há mais contratações, há escassos empregos e mal pagos..eu tenho experiencia, trabalho muito bem em trabalho de secretariado e administrativo, segurança, documentação, etc mas os problemas economicos do país tem me estado a destruir os sonhos, a vida. Hoje em dia tenho problemnas sérios e sou uma pessoa triste, revoltada e sem futuro. Independentemente de eu saber ou não de politica, nada mudou, só piorou aqui em Portugal. Eu jamais poderia fazer alguma coisa. Sei o suficiente para saber que nenhum dos politicos elegiveis ao longo dos ultimos anos presta para nada e na maior parte dos casos votar, em Portugal, é como escolher o veneno com o qual se quer matar. Hoje em dia NÂO me interesso nem sequer posso ver a cara nojenta daqueles monstros cheios de dinheiro odeio-os de morte, pois tanta porcaria tanto estudos tanto oinvestimento e TANTA corrupção. Eu não posso fazer nada, os anos da minha vida etão a passar vorazmente como um fogo que queima a floresta e eu, uma única cidadã, não tenho NENHUM poder para mudar o país só com a minha vontade individual. Preciso de mudanças para já,é possivel? Não, não é. Outros decidiram por mim, a minha vida foi destruida. A impotencia absoluta perante os problemas do pais que devastaram a minha vida devastou-me e , ver TV ou ler jornais só serve para acentuar o meu sofrimento. Está ali o politico culpado pela crise. Posso castig-lo? Posso obrigá-lo á força bruta a mudar o país? Posso deitar abaixo o governo á porrada e trazer uns suecos para dirigirem isto? posso aumentar os ordenados? Não. Não há soluções imediatas. Por isso na minha vida, e eu falo por mim, basta de lágrimas. Não me interesso por aquilo que me faz sofrer e que não posso resolver. O meu tempo de vida está se a esgotar. Outros que se interessem, cada um é que sabe.