segunda-feira, 14 de abril de 2008

DATANDO


Demorei um tempinho até cair minha ficha, lendo a obra de Freud, que esta era uma obra datada.
O que significa que às vezes ele pode parecer contraditório se a gente não prestar atenção em que contexto ele sai formulando hipóteses por aí. Até que percebi que isso não se dá só na obra do Freud, não.
Bingo. Achei a fórmula: Há que se prestar atenção no cabeçalho dos acontecimentos.
Vira e mexe saem umas 'pesquisas científicas' (sic) por aí abordando o tempo de duração dos afetos. Mas eu assumo que não consigo me preocupar muito com essas validades pré estabelecidas. O que me preocupa é a data de fabricação. E mais ainda, a data de declaração.
Acho que quando a gente registra uma declaração - seja de amor, ódio, amizade ou voto prá síndico - tem que assinar, colocar local, data, e de preferência, substância consumida,e ainda a música de fundo.
Assim a gente até entende com outros olhos aquele pedido de casamento depois de 2 garrafas e meia de vodka ouvindo um bolerão. Ou a briga dos melhores amigos até rolarem no chão depois de uma frasesinha boba envolvendo a mãe de alguém. E nem precisa fortalecer a ressaca lembrando do episódio.
Outro dia eu ouvia qualquer coisa assim: "Ele é tão carinhoso. SEmpre foi. Mas de repente, quando os gêmeos nasceram, ele esfriou um pouco, sabe? E desde então nunca mais ele me beijou, prá vc ter uma idéia."
Eu, tola, pergunto a idade dos gêmeos.
"Os meninos têm 36. São uns amores".
O registro tá tão atual né? Mas como em banco e previdência, às vezes é preciso um recadastramento. Uma confirmação de que ainda é aquele mesmo - pelo menos em uma coisa ou outra - e concorda com o que disse outro dia, outro mês, outro ano...
Enfim, tá aqui minha proposta de datar as declarações e de que elas precisem ser sempre renovadas.

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