sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

QUE FALTA FAZ UM TRABUCO!

Acho que foi no mês passado, não sei ao certo, mas passou bem perto da minha casa - tão perto que fazia tremer as janelas - um movimento a favor da tolerância religiosa.
Do ponto de vista libertário, o movimento é muito válido, pois assegura a qualquer um o direito de acender velas prá quem quiser, com ou sem imagem, sem ter como consequência disso a casa queimada, um espancamento, um despejo do demônio mal pagador que só falava alemão,...
Mas... venho por meio dessas linhas me unir ao coro de Saramago e questionar não só deus, mas qualquer religião.
Ultimamente ando altamente intolerante com qualquer um que teime em me preservar do 'mal'.
Seja religião, ministério da saúde, políticas protecionistas, políticos que não descansam nem com enterro e canto prá subir (o que faz Sarney ali até hoje? Ninguém enterra o cara?)
Mas voltemos aos clubes de irmãos que se unem em torno de uma(s) figura(s) central e toda poderosa.
Suponhamos que Euzinha da Silva aqui queira descansar num domingo, prá poder recarregar as baterias prá uma semana 'heavy metal' que enfrentarei.
Impossível.
Simplesmente porque domingo é dia de louvar ao senhor. Quer você tenha um, quer não.
Daí que começam a louvação de tarde - Isso se você tiver perdido a missa e a novena. Um bando de gente muito desafinada que deve deixar o tal deus deles muito passado com a homenagem. Nem prá ensaiar um pouquinho antes???
Bem em frente há um carro de dançarinos de rua, que dão uns pulos prá lá, prá cá, e em torno de si mesmos, passam o chapéu, e se enfurecem com o louvor berrado na praça.
Reação deles? Ora bolas, ligar a rádio evangélica mais alto do que os pobres fiéis batistas.
Com esse barulho todo sou obrigada a sair de casa. Passo em frente a uma cubana que faz acarajé. Delícia. Logo em seguida vem um 'cabôco' virando no santo pois comeu dendê e não podia. E aí eu é que tenho que ouvir previsões do fim do mundo?
Pago minha merendinha da hora do recreio e continuo.
Vem outro, me contando que Jesus tem um plano prá mim.
E por que o próprio não me mandou uma proposta pelo correio, como faz todo mundo?
Por que mandou aquele cara que eu nunca vi na vida?
Tudo bem, você que até acredita nessas coisas e consegue achar justo o mundo onde os africanos esfomeados foram TODOS soldados nazistas e pagam por isso hoje; onde os aleijados foram gente muito má que esbanjava dinheiro e saúde em outras vidas. Você pode me chamar de rebelde.
Mas é que às vezes, por mais politicamente corretos que sejamos - e tá aí outro clube de gente que persegue os meus demônios -parece que entre essas porcarias de opções a única que me interessa é votar no não, obrigada!
Mas aí vem um qualquer tentar me convencer que eu é que não entendi ainda o poder dos salmos.
A falha é minha. Falho na compreensão do que já foi tão bem explicado.

Falho nessa minha mania de ser gente, enquanto todo mundo quer ser o escolhido.
Eu, reles mortal, só gosto de ser escolhida no salada mista.
Tenho cura, doutor?

2 comentários:

Rogério Silva disse...

oi Soraya

Você não tem um senhor para louvar? Como assim? Todo mundo tem um de plantão pra fazer a louvação.

Que desperdício! O que será de você sem a garantia da salvação e da vida eterna?

“A falha é minha. Falho na compreensão do que já foi tão bem explicado.
Falho nessa minha mania de ser gente, enquanto todo mundo quer ser o escolhido.
Eu, rélis mortal, só gosto de ser escolhida no salada mista.
Tenho cura, doutor?”

E ainda vem falar de cura?

“Deixa eu dizer uma coisa: Cura também chamada de aberé pelo povo do santo denominado de candomblé, são escarificações (cortes na pele) em várias regiões do corpo, dependendo da nação.
Na iniciação ketu os cortes são feitos no topo da cabeça, laterais dos braços, na região anterior e posterior do tórax, pernas (na região das panturrilhas) e até mesmo na língua, confeccionados por objetos cortantes como navalha, faca ou objetos pontiagudos de madeira. O objetivo principal dos cortes na feitura de santo ou obrigação de odu ejé, são próprios das religiões africanas e afro-brasileira afins, é para inserção de pós mágicos tipo efun, wáji e osùn em seu corpo, que tornarão cicatrizes sagradas e permanentes, que definirão os futuros sacerdotes, facilitando a proteção para seus males, definindo sua identidade cultural e ligação com o seu orixá, inkice e vodum.” Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Vou fazer a louvação - louvação, louvação
Do que deve ser louvado - ser louvado, ser louvado
Meu povo, preste atenção - atenção, atenção
Repare se estou errado
Louvando o que bem merece
Deixo o que é ruim de lado (http://www.vagalume.com.br/gilberto-gil/louvacao.html#ixzz1B443cxTs)

Bem, você é quem sabe, mas talvez eu prefira mesmo é pular o domingo... Rerere

Beijão

Rogério

Miriam Esperança disse...

É... eu ainda tenho crença... ainda não sei definir em que em quandos... mas tenho... até quando não tenho crença estou crente que não tenho crença... é uma malha, uma rede tão simples que onde quer que eu for serei uma faceta do que existe noinconsciente coletivo isso é minha humanidade, por isso sou falida e preciso de algo que aplaque minha falencia de poder.