sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O AMOR SALVA?

Em todo canto que se olhe, em toda casa que se preze, em toda historinha de criança, em todo ensinamento que se disponha a ser encarado como definitivo, lá está ele: O AMOR.
O lindo, lindão, herói de tudo e de todos, que move montanhas e remove tempestades.
prá nós, nem vou levantar o assunto de quão difícil está de se encontrar este amor heróico e amparador por aí. Meu tema aqui é outro. O outro. O tal oposto - ma non troppo - que geralmente fica como o vilão de tudo. O Jason, demônio, estranho que bagunça coreto, quarto, cidade, estruturas em geral.
É só com um pouquinho de ÓDIO que a gente começa a dar bastas onde não aguenta mais, e se diferenciar do resto todo do mundo, quase numa afirmação do tipo: "Eu não sou desses. Comigo não, violão!"
Usado na medida certa, ele pode fazer muito mais milagres do que qualquer água benta ou resignação.
Deixe os objetos cortantes por perto. Os vidros, os copos, os cinzeiros.
Não. Não tire nada do lugar. Deixe-os aí. Irresponsavelmente como se criança alguma visitasse a casa.
Agora mire. Mire naquele vaso que você ganhou da sua tia muquirana e que achou a coisa mais horrorosa que tem no mundo.
Faça pontaria mesmo. Feche um olho que é pro outro ver melhor.
Então faça o arremesso.
Arremesse tudo.
Espatife.
Estilhace.
Nada de tentar juntar cacos. Ou você se corta ainda mais.
Os cacos são seus. E eles estão aí dentro. Mas só cortando os pés, só quebrando espelhos, é que podem ser vistos.
Antes?
Antes eram só furúnculos sem cabeça. Feridas invisíveis. Hemorragia interna. Essas coisas de amor bonito, com muita dor, que é prá ficar mais lírico ainda.
Antes era o anti-depressivo. O calmante. O sossega-leão que amordaça qualquer voz que possa ferir o outro. Antes era a tentativa de curar o outro do que ele é.
Agora é o surto.
Viva!!!
Em nome do amor você se fere.
Amor a quem mesmo?

6 comentários:

Thaís Marina disse...

Talvez vc nem saiba que esta foi a mensagem que um dia eu te pedi... Obrigada!

http://pravariar2.blogspot.com/ disse...

víiiixe.
depois de abrir meus armários e ler isso... perdi a graça de vez.
tomara que não.

Miriam Esperança disse...

É melhor que tome atitude de quebrar o que significa os vasos de mal gosto ganho. Porque se voce não quebrar alguem vai quebrar por voce e ai minha cara fica pior, por que a ressaca moral é uma desgraça. Então vamos abrindo espaços internos tirando quinquilharias que não servem mais... e olhe pra merda que sobrou com atenção para escolher na proxima vez já sabendo onde vai dar. Essa porra de liris só fode com a vida.

Miriam Esperança disse...

(O amor salva amiga e a morte retrata).

Bianca Pereira disse...

Também desconfio muito do "O amor salva", já até tentei levantar a bandeira em minha época de "menina boazinha da mamãe" mas não deu muito certo.

Acredito que o amor mantém. Mantém aquilo que escolhemos ontem e que não queremos decidir hoje.

Mas.. o que salva mesmo? Salva de quê!? Das mágoas e da mesmice? Discordo que seja o ódio, ele é duradouro e arraigado. Acho que quem salva é uma prima dele, a raiva. Daquelas que grita "Sai da frente que eu tô passando!!", que joga tudo fora sem refletir o antigo certo ou errado. A raiva que traz o desafio e libera o que bem... não precisava guardar.

Essa sim explode e não deixa vestígios depois que vai embora.

Rogério Silva disse...

Vamos fazer amor? É uma proposta estranha se pararmos para pensar no que é ‘fazer’ e no que é ‘amor’.

Se eu vou fazer amor, o agente do amor sou eu e não o outro(a).

Portanto não devo esperar do outro(a) essa mesma ação, necessariamente.

Eu sou o sujeito o outro é o objeto. Eu amo e o outro é amado. Ponto. Acabou aí a minha missão. Eu amei e o outro foi amado se eu cumpri verdadeiramente o meu propósito.
Mas se em ”vamos fazer amor?” o que eu espero é ser amado a formula não dá certo, porque eu que deveria ser sujeito, sou objeto e se o outro também se coloca da mesma maneira, encontraremos dois sujeitos querendo ser objetos e nenhum dos dois dispostos a ser sujeitos.

Até mesmo no onanismo é preciso que haja sujeito/objeto. Não consigo imaginar Narciso gozando com a sua própria imagem, como a cobra que morde o próprio rabo.

Ferida, fenda , possibilidade de penetração.

“Em nome do amor você se fere”

Então: vamos fazer amor?