terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Diabo TEM que existir!!!

Ela tinha medo de magia. De macumba, mandinga e até de capoeira.
Dizia não crer em orações, mas nas religiões usadas para fazer o mal a alguém.
Do bem? Pouco sabia. Pouco viu ou ouviu falar.
Dizia: "Houve numa época, eu sei. Mas já passou! Hoje não cola mais."
E foi falando isso logo pra alguém meio cético, meio incrédulo, cheio de racionalizações e explicações embasadas em análises políticas das mais diversas.
Tinha seus rituais inventados. Claro. Mas eram só resquícios de um TOC mal curado - ou bem tratado - de infância. Coisa pouca. Coisa boba.
Até que um dia o "ceticão" se viu num ódio medonho. Não daqueles de xingar o ônibus que passa sem parar. Desses aí acabam logo. Logo que o ônibus vira a esquina.
Era ódio sério. Daqueles de uivar pra Lua com peito apertado. Daqueles de dar insônia e pensar em assassinatos usando objetos finos, tipo alicate de unha, faca de serra, ou simplesmente água fervendo.
Daqueles que a gente agradece aos buracos da calçada por darem um montão de ideias pra um peeling artesanal.
E o Cético teve que dar razão a sua amiga medrosa de alma. Já descrente da justiça dos homens, sem provas da justiça divina, acalmou seu espírito planejando o dia do enterro de quem lhe causara tanta mágoa.
Preparou a caixa de presente com o papel mais bonito que encontrou. Pôs laço, fita e flor, e perfumou tudo.
Dentro só um leque. E um bilhetinho singelo:
"Toma. Lá, pra onde você vai, deve ter serventia"!
E seguiu a vida, como quem vê o ônibus virar a esquina.