segunda-feira, 27 de agosto de 2007

ÍDOLOS - MODO DE USAR


Recebi dia desses um e mail com texto de uma psicóloga falando sobre o filme do Cazuza.
Dizia a moça, cheia de razão e verdades absolutas : "Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa estarrecedora. As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível."
Fiquei me perguntando o que seria um ídolo certo?
Claro que Cazuza não era santo. Imagine-o escrevendo suas letras sem a intensidade de vida que lhe socava o estômago a cada manhã... Não dava.
Mas daí a alguém dizer se esse é o ídolo certo ou o errado, tentando ditar qual o comportamento correto a se adotar, me chocou profundamente.
Acho engraçado que o 'mau exemplo', teoricamente, para os "especialistas" de plantão, seja o mais importante prá se determinar que tipo de ídolos queremos. Mas exemplo a gente tem o tempo todo. Não cabe a nós - e só a nós - escolhermos o que, de cada um, admirar?
Em outras palavras, tomar tudo o que Jimmy Hendrix tomava era fácil. Quero ver tocar guitarra que nem ele.
E é isso o cultivado: O diferencial, a irreverência, a capacidade de deixar a música possuir como se fosse entidade - vai dizer que não é? - e virar simples cavalo, corpo prá uma manifestação, possibilidade de expressar alguma coisa com a qual muita gente se identifique.
Não é isso o que torna alguém ídolo? Não é essa identificação que torna alguém admirável?
Ou é o que a psicóloga, adotando uma postura mais que professoral, delimitando cartilhas do bem viver, permite?
Pensando bem, no caso de alguns ídolos, quanto mais maldito, MELHOR.

4 comentários:

Anônimo disse...

Fala moça!
É isso aí! A inspiração não tem caminho certo nem tão pouco a produção artística. Nem as nossas vidas, "quando" toda certinha, serve de exemplo.
Admirar o trabalho de alguém não é ser o próprio. Esse, como nós de diferentes maneiras, se expõe generosamente aguentando firme as mordazes críticas, as humanas porradas, suas próprias dores e o que temos, é o deleite de poder ouví-lo.
Antes de atar o "MALDITO" ídolo morto, deveriam perceber o quanto ele ainda está vivo e muitas vezes, transformando nossos das.
Beijukasssssssssss

Unknown disse...

Recebi tambem esse email enviado por uma amiga minhae fiquei impressionado como o assunto atinge as pessoas de formas diferentes. Cazuza é genio pra mim suas letras sao show, o que ele fazia na sua vida privada me parece que seria da conta somente dele....
burguesia fede

Tata Magnago disse...

Ai caraleo, como pode?
Eu tenho tanto nojo de especialistas, criticos e toda essa porra.....tem gente que devia ser especialista em pagar boquete, na boa, seria bem mais feliz né não?
desculpe os termos mas tô na revolta, meu idolo hoje sou eu!!!
E viva Cazuza, sempre!

Anônimo disse...

Na verdade, eu acho que as pessoas que se transformam em mitos, ficam-no porque de alguma maneira trouxeram algo de diferente e único às nossas vidas. Fizeram a diferença. Foram únicos.
A vida privada deles só a eles lhes diz respeito. A mim não me interessa, claro. O que me fica de recordação é o génio que demonstraram, e que esse sim, sobreviveu à sua morte, nos diferentes campos em que se destacaram. Por isso não nos esquecemos deles, por isso ainda estão vivos para nós. Por isso, por exemplo, James Dean fez 3 fimles e nunca mais ninguém se esqueceu dele, e haverá actores que fazem carreiras de dezenas de anos e nunca ninguém se lembrará quem foram, um dia que desapareçam. E claro que era meio louco ;)

Parabéns pelo artigo, Soraya.
Beijinhos :)