
Lembro até hoje de umas frases que a gente escuta, e sai repetindo por aí, como se fossem a mais pura verdade.
Uma delas que me faz até rir é a seguinte:
"Frio é psicológico!"
Fico imaginando o fim da primeira guerra mundial, com os soldados congelando na Rússia, e fazendo ohnnnnnnnnnnn prá pensarem em outra coisa. Afinal, frio é só psicológico.
E o psíquico acaba ficando com o mesmo status de mentira. Espécie de Bicho-papão, Saci, monstro do armário. Se você não acreditar, ele desaparecerá.
A parte engraçada dessa história é a contradição em que cai esse conceito. Afinal, passa-se a vida valorizando o racional, em detrimento do emocional - como se fossem antagônicos -; mas na hora de dizer que alguma coisa é psicológica, ou meramente psicológica, o mental tem sua total desvalorização.
Isso não se dá só com o frio.
Hoje a gente sabe que a maioria das doenças tem uma ligação profunda com o estado emocional das pessoas. Mas a simples palavra "psicológico" remete a uma temática tão fabulosa, tão fantasiosa, que fica parecendo invenção de quem sente.
Tá aí o tal do sistema que fica nervoso que não me deixa mentir.
E o que mais está nesse mundo da psiquê que é tão deixado de lado? Que é tão desacreditado? Que não é levado à sério?
Arrisco aqui que nesse mundo coexistam, juntinhos, o frio, o medo, a fome... e os fantasmas, os sonhos, os desejos,...
Ah... Os desejos!!! Esses sim, dão um trabalho danado! Melhor nem olhar direito. Melhor virar a cara. Tapar os olhos, como crianças diante de cenas proibidas na tv.
será?
Será mesmo eficaz? afinal, até a dita louca da Estamira, a homem par (quem não viu o filme, corra), afirma com todas as letras:
"Tudo o que é imaginário existe, é, tem!"