domingo, 1 de julho de 2007

O FOGO DE PROMETEU


"A gente pode
morar numa casa mais ou menos,
numa rua mais ou menos´
e até ter um governo mais ou menos.

A gente pode
dormir numa cama mais ou menos,
comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos
e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.

A gente pode
olhar em volta e sentir que tudo está
mais ou menos.
Tudo bem.
O que a gente não pode
mesmo, nunca, de jeito nenhum,
é amar mais ou menos,
é sonhar mais ou menos,
é ser amigo mais ou menos
e acreditar mais ou menos.

Senão a gente corre o risco de se tornar
uma pessoa mais ou menos..."

Chico Xavier

Esse poema me lembrou a história de Prometeu. Aquele que moldou os seres humanos com argila, e roubou o fogo do Olimpo para dar vida aos vivente. Gustav Schwab narra o mito assim
"Foi assim que surgiram os primeiros seres humanos, que logo povoaram a terra. Mas por muito tempo eles não souberam como fazer uso de seus membros, nem da centelha divina que tinham recebido. Embora fossem capazes de enxergar, nada viam; ainda que escutassem, não sabiam ouvir. Vagavam como vultos de sonhos, e não sabiam utilizar-se da criação... Rastejavam como formigas em cavernas que a luz do sol não iluminava, sem saber se era inverno, primavera ou verão."

É mais ou menos assim que anda boa parte da humanidade. Aquela que se protege de sentir. Com medo do incêncdio, acabam não acendendo nem um fósforo que lhes ilumine ou aqueça o peito.
E fica realmente difícil achar algum sentido pros dias, quando a mediocridade impera. Quando a ausência de vitalidade preenche mal e porcamente os espaços vazios, e a hipocrisia começa a tomar lugar como se fosse "o natural".
Falta fogo.
Falta vida.
Falta afeto.

Mas dá prá mudar isso. É só promover um atrito com pedrinhas. Um encontro de faíscas vira um incêndio digno de ser muso de Nero.

12 comentários:

Unknown disse...

Concordo plenamente, acho que viver mais ou menos é viver pela metade.
Bjussss

Maristela Trin disse...

Tem um conto africano que narra a mesma força da criação através o barro. Específica entidade feminina poderia dar luz a tal esculturas porém, exú, ainda menina mas já muito danado, se aproveitou da ausência para passar à frente da hierarquia dos criadores futuros, foi lá e provou que poderia fzer aquilo tão bem quanto qualquer experiente entidade. E assim acabou sendo aceito como ajudando mas, tinha muita coisa ara experimentar na vida, o danado, e passou para outras experiências. Provavelmente, ele já sentia o livre arbítrio em si também e nada da sua curiosidade deveria ficar ela metade.
Era viver sua poténcia em plenitude!
AH! Exú!
Queremos inteiro e NÃO pela metade!!!!!!!!


beijos saudosos, minha querida

Tata Magnago disse...

Em muitos momentos, principalmente nos de mudança, quando não sei exatamente pra onde vou ou o que quero, tenho medo de sentir. Já é tanto sentir a sensação de estar perdida q qualquer novidade atrapalha e/ou piora a angústia. Concordo que "se proteger de sentir" possa atrapalhar a andança e a movimentação mas nem sempre me é possivel deixar levar, me deixar invadir por qualquer sensação que não me peça lincença pra chegar junto. Acho importante as vezes não acender fosforos pois sei que não terei forças ou paciência pra apagar o incêdio. Acho q estou me tornando medíocre.

Anônimo disse...

Gostei muito do teu texto, Soraya. Na verdade, nem sempre é fácil viver ou amar por inteiro... Porque viver ou amar mais ou menos, isso é muito fácil...

Parabéns pelo blog. Não é a primeira vez que leio, mas acho que é a primeira vez que comento.

Um abraço desde Lisboa :)

Loja Moeggall disse...

O comentário da crisanvania me lembrou de que eu tive um primo que vivia intensamente. Não sei se sentia intensamente, mas estava sempre pronto para participar de tudo. Ele era médico, cardiologista da Formula 1, 30 anos, quase noivo, e com um futuro dos bons e sem mediocridade pela frente. Mas nessa de viver intensamente e não perder nada, ele emendava programas. Saiu do plantão foi ver o jogo da copa do mundo com uns amigos, depois foi comemorar a vitória e dormiu ao volante de volta prá casa. Deu com o seu Passat alemão numa árvore numa avenida em São Paulo, de madrugada e se foi. Não sobrou nada. No funeral, o irmão, discursando, disse que ele vivera 60 anos em 30. E todo mundo concordou. Será que ele não viveu pela metade, afinal das contas?

soraya.magalhaes@gmail.com disse...

quem vive, morre.
e quem não vive, morre mais ainda. em vida. aos poucos. todo dia.
sem vida.
sem ar.
sem vontade

Anônimo disse...

vale lembrar que o poema do seu amigo é originalmente do Chico Xavier...

só pra ninguém ficar de "usurpador" da obra dos outros...

soraya.magalhaes@gmail.com disse...

Credo. vou investigar com meu amigo. que não é o chico Xavier.
mas tenho cá uma dúvida.
Chico Xavier fazia poemas? Ou só transcrevia o das almas?

Anônimo disse...

credo ou não, poema ou não,... dele ou da alma de outro alguém qualquer...
definitivamente: Não sei...
mas no plano "terrestre" a autoria é do Chico Xavier...
eu particularmente acho meio "brega"...
mas é isso ai!

soraya.magalhaes@gmail.com disse...

depois que o Wander Wildner liberou, assumo que sou também MUITO BREGA.
e nem ligo prá isso

soraya.magalhaes@gmail.com disse...

anônimo me abriu os olhos quanto aos amigos. O poema é do Chico Xavier mesmo.
Obrigada!!!

Anônimo disse...

O pior é que o sentimento independe de sofisticação.
Enquanto eu me emociono com Vivaldi outros se emocionarão com Los Hermanos e JQuest.
O sentimento, bem como o ser que o sente, sempre terão origens "mais ou menos" mediocres.