quarta-feira, 13 de junho de 2007

TODO MUNDO VAI AO CIRCO... MENOS EU.


Day after de dia dos namorados!!!
Para uns, foi só uma terça feira como outra qualquer. Pra outros, vivência de propaganda de margarina. Para outros ainda, o pior dia do ano. Dia de crise séria. De achar que todo mundo tem. Menos eu.
Parece que o verbo pro Valentine´s day é esse. Ter. Como se um realmente tivesse o outro. Como se o possuísse. Como se o namoro fosse um contrato de posse de direito.
É tudo com pronome possessivo. O meu namorado. A minha namorada.
E quem não tem... É pobre.
Fica pedindo nos sinais um olharzinho que seja, prá poder se sentir menos miserável nesse mundo que ama.
Mas e o verbinho? O que ele tem a ver com amor, afinal?
Dia desses fui ao cinema relaxar e saí de lá tomando dorflex pra dor nos ombros. O filme? Baixio das bestas. Fortíssimo. Mostrando um Caio Blat nada mocinho da novela da tv, que tem na força bruta o seu instrumento.
Atinei pruma questão talvez interessante, que é como as pessoas lidam com aquilo que não conseguem dominar. Nesse balaio a gente encontra o amor, o tesão, o desejo, a amizade até... E esses sentimentos vão tomando conta, mostrando que somos nada, derrubando nossa prepotência de achar que podemos nos organizar e planejar tudo com muita antecedência, pois nós agora, diante desses sentimentos, lidamos obrigatoriamente com o outro.
E nesse não saber o que fazer para 'manter o controle', vem o descontrole total. A tentativa de dominar e apreender esse outro que é objeto de nossos impulsos até o momento da posse absoluta. E, não raro, da morte.
Fica meio como cegar os olhos mais bonitos, pra que eles não vejam mais ninguém.
Ao invés de admirar, obter, até talvez sua destruição.
Não mais contemplar o vôo dos pássaros. Nada de vôo duplo. Afinal, eles aqui na área de casa, em sua gaiolinha, são tão singelos...
Claro que há os casais que se amam. Que dão a mão e caminham juntos. Que são cúmplices e sócios e admiradores mútuos...
O tema aqui é outro. É a posse. É o ter confundido com o amar. É o apreender lido como troca.
Por que diabos o entrelace desses conceitos é tão fácil? Talvez pela própria linguagem do amor ser confusa em sua natureza. Afinal, quem consegue pronunciar uma frase com sentido, lúcida, sensata, quando se é tomado por essas coisas do outro mundo?

E viva Santo Antônio!!!

3 comentários:

F.V. disse...

Com licença pra comentar aqui... vim do blog do jazzman ( muito bom por sinal ) e vi o link para o seu ... entrei e aqui estou. Gostei muito do seu texto, esses dias atrás estava pensando a mesma coisa sobre o egocentrismo humano. "Minha" namorada que naum me pertence recebeu um e-mail de um "admirador secreto", se é que existe isso ainda, dizendo que a amava e que desejava que ela fosse dele. Então comecei a pensar ... esse é o problema do ser humano ... quer tudo pra ele! O cara ñ podia só desejar sair com ela ou transar beijar sei lá ... mas ñ, ele queria ela pra ele, queria ter posse .... isso é muito egocêntrico, parece que está em nossa natureza, talvez por isso o capitalismo se aplica tão bem a nossa raça.
E viva São João...
grande abraço...desculpe se escrevi demais.

Felipe Valli.

Loja Moeggall disse...

É... esse drama se repete algumas vezes ao ano. Chega o dia dos pais, o sujeito não tem pai, ou não foi nem reconhecido. Chega o das mães, o cara acabou de perder a mãe, ou nunca a conheceu. Chega o dia das crianças, nada de filho prá presentear. Chega o dia dos namorados, cadê a cara-metade prá trocar presentes e jantar no restaurante? Chega o Natal, o pobre coitado é sozinho no mundo ou está no outro lado dele e fica mendigando uma reunião qualquer. E o pior de tudo não é não ter ninguém, é não pertencer a ninguém e a nada. É só ser de si mesmo e ter só a si mesmo. Mas, peraí, quem se vê e se sente assim, está com sorte, porque ele sabe que já está completo, e então é livre para se relacionar com o outro e o manter a seu lado. Sacou?

Sô, antes de ver um filme, não deixe de ler a sinopse e a classificação, e se possível, veja o trailler tb. Assim, não tem erro.
Bjs

soraya.magalhaes@gmail.com disse...

nada contra o erro.
vi o filme porque quis.
e gostei.
mas que era forte, denso, e me deixou em choque por uns dias... ah, isso deixou mesmo