Já faz tempo que essa história aconteceu.
Num taxi, com uma amiga que falava durante todo o percurso sobre minha profissão, o motorista se vira, interessando-se em mim e descuidando-se da pista, me passando o controle de suas direções, e pede um socorro emergencial, aproveitando o ensejo:
- Moça, como a gente esquece um amor?
Uma pergunta assim, "tola e corriqueira", como se alguém - EU?- entendesse dessas coisas, depositando em mim uma esperança que nem os deuses alcançam, e num dia em que eu nem estava de plantão, não poderia ficar sem uma resposta. E a única que pude oferecer se conduziu ao desespero:
- Senhor, só conheço um método rápido. Mas não é garantido. Além do perigo grande, pode deixar sequelas irreversíveis: Pancada na cabeça. Tem gente que esquece até que fumava. Mas nunca se sabe o efeito certo a ser alcançado. Nem a duração do resultado.
Tanto tempo se passou e sigo tentando encontrar o caminho. "Quem sabe se...??? Não, não funciona. Mas e se, por outro lado...???" e de novo refutava as hipóteses.
Até que hoje me veio uma ideia. Não de tratamento. Mas de prevenção, que pode ser que até renda um bom dinheiro.
Pensei num aplicativo.
Que se iniciaria na hora marcada do encontro ou telefonema jurado. Se a pessoa diz que vai ligar às 20:00, exatamente ás 20:00 começa a tocar uma musiquinha insuportável de telemarketing. Com pianos intermináveis, tipo Richard Cleiderman, ou um zumbido de saxofone no modelo Kenny G, ou mesmo o Bethoven do gás,,... várias opções, para melhor atendimento ao freguês.
Nunca antes do combinado, já que não se trata aqui de estimular ansiedades. Algo que só pudesse ser acionado com promessas mesmo. Hoje o google descobre até o destino preferido das férias, não seria difícil detectar um trato ou maltrato.
E a musiquinha vai tocando, tocando, tocando,...até que o ser faça contato. Ou que o aplicativo seja reiniciado, mudando de assunto.
E a essa altura, diante da promessa falsa e da prova cabal de impontualidade, passados míseros 20 ou 30 minutos, o amado cliente já estaria soltando fogo pelas ventas, e clamando para falar com o supervisor.
Um tempo depois, apenas uma mensagem como as grandes empresas do país fazem. Aquelas privatizadas óoootimas (e aqui, e só aqui, estou sendo irônica), que enviam um recado avisando que "sua sessão expirou por falta de comunicação".
Imaginem de quanta música ruim seríamos poupados?
Pois é. Eu imaginei.
Mas, pensando bem, como ainda sou de um modelo clássico e antigo, sem peças de reposição, pouco afeito aos consumismos, um bom livro como companhia causaria melhores efeitos ao cancioneiro popular. E sem essa canseira toda.
Há clientes para tudo nesse mundo. Mas ainda bem que a ideia passou.
Já pensou se alguém ainda insere a musiquinha na canção? Feitiço contra feiticeiro, na certa.
Vou ficar quieta. Esse método também não serve.
Ah, os domingos....