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terça-feira, 30 de agosto de 2016

AUTOCONHECIMENTO?


"Você, quando faz essa cara, eu já sei. Te conheço muito bem"!

Como não havia espelhos por perto, ele jamais soube que cara era aquela, tão fácil de decifrar. À qual expressão ela se referia como sendo a personificação perfeita do seu mais íntimo ser. Aquilo que seria a auto (dele)- definição (dela).
Logo ele, que já passeara tanto pelos mundos. Que já vira tanta coisa, tanta gente, tanta história. Que era mesmo chegado a um devaneio e a uma contemplação, mas que se misturava, também, muito bem à multidão... 
Logo ele que, como quase todo mundo, já mudara suas convicções e pratos preferidos tantas vezes... Que já usara cada máscara tão diferente uma da outra, para mostrar e para esconder o que pensava...
Não teve jeito. 
Desta vez, — ela alegava: —  fora descoberto em praça pública. Por um simples olhar e morder de lábios. 
O interessante é que, à medida que ela narrava e descrevia aquele que deveria ser perfeitamente apreensível num instante, ele de nada sabia. Não se reconhecia mais naquela roupa que, um dia, já parecera lhe caber bem. 
A mesma expressão de outrora, hoje era usada para outros assuntos. E por mais que, na fotografia, ela insistisse, no canto do olho se podia perceber tudo muito diverso.
Ela, inquisidora, ordenava-lhe a confissão. 
Ele, estranhando, só sabia-se EM CONSTRUÇÃO.

E continua...




quarta-feira, 20 de junho de 2012

DO PÓ AO PÓ - O RESTO É LUCRO

 "Existirmos/
A que será que se destina?"


Pergunta que não cala. Mas que nunca é falada, pois muito mais fácil é falar da morte do que de uma vida vivida. Afinal, como diria Oscar Wilde, "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe."
Enquanto isso, semana da Rio + 20, chuva rala caindo lá fora,... e eu destruí nesta semana 2 guarda-chuvas chineses. 2 guarda-chuvas que se fizeram, cada 1, em 3 pedaços em minhas 2 mãos, desafiando qualquer lei da física que distribua a ação em forças.
Guarda-chuvas bonitos, plásticos, pintados do metal mais prateado como só os chineses sabem imitar.
E se tem uma coisa que chinês sabe fazer é o arremedo irremediável da utilidade, tornando fútil qualquer tentativa de proteção da natureza.
Parece haver uma palavra de ordem, do tipo sub-liminar, dizendo: "Se não pode com a natureza, destrua-a. Mostre do que você é capaz, seja seu próprio deus."
E vamos nós, aleijando peixes, tartarugas e matando Yemanjá intoxicada. Falência múltipla dos órgãos.
Vamos fingindo super-produção enquanto degradamos o desagradável. Afinal, se o mar é grande, somos maiores.
Enquanto isso, o menino em seu quarto brinca de fazer nada. De um nada imaginário ele cria heróis, fantasmas, castelos e reinos. Vilões perigosíssimos que querem destruir essa vida toda.
Enquanto isso, a mãe, da cozinha, pede ajuda do menino que nada faz, afinal, ele faz nada, e pode parar o nada a fazer para desembalar isopor e plástico pro jantar.
Enquanto isso, a culpa de nada se fazer faz com que saiamos correndo feito loucos, consumindo, produzindo, aumentando o lixo só para dizer que fazemos alguma coisa.
E nem percebemos que o nada que o menino faz é ele mesmo, que se cria e se inventa e se constrói assim, do nada. E vive de verdade o devaneio, enquanto devaneamos estar vivendo.

Ora bolas, se é pra fazer, vamos fazer direito. Com gosto, cheiro e textura. E com uma cabaninha forte pra proteção da chuva que é pro herói não ficar resfriado, com os olhos pequenininhos...