"Você, quando faz essa cara, eu já sei. Te conheço muito bem"!
Como não havia espelhos por perto, ele jamais soube que cara era aquela, tão fácil de decifrar. À qual expressão ela se referia como sendo a personificação perfeita do seu mais íntimo ser. Aquilo que seria a auto (dele)- definição (dela).
Logo ele, que já passeara tanto pelos mundos. Que já vira tanta coisa, tanta gente, tanta história. Que era mesmo chegado a um devaneio e a uma contemplação, mas que se misturava, também, muito bem à multidão...
Logo ele que, como quase todo mundo, já mudara suas convicções e pratos preferidos tantas vezes... Que já usara cada máscara tão diferente uma da outra, para mostrar e para esconder o que pensava...
Não teve jeito.
Desta vez, — ela alegava: — fora descoberto em praça pública. Por um simples olhar e morder de lábios.
O interessante é que, à medida que ela narrava e descrevia aquele que deveria ser perfeitamente apreensível num instante, ele de nada sabia. Não se reconhecia mais naquela roupa que, um dia, já parecera lhe caber bem.
A mesma expressão de outrora, hoje era usada para outros assuntos. E por mais que, na fotografia, ela insistisse, no canto do olho se podia perceber tudo muito diverso.
Ela, inquisidora, ordenava-lhe a confissão.
Ele, estranhando, só sabia-se EM CONSTRUÇÃO.
E continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário