por SORAYA MAGALHÃES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PSICANÁLISE mode ON
sexta-feira, 6 de julho de 2007
JOGÃO DECISIVO
Prá "aprender" fácil, fácil pro vestibular, a gente decorou os movimentos literários como espécie de choque de gerações. Se um é racional, o seguinte só pode ser emocional, e o conseguinte racional de novo. E ficou uma espécie de contradição entre essas duas maneiras, como se elas jamais se coadunassem. Como se a existência de um fosse o pressuposto prá ausência do outro.
O emocional acabou sendo pejorativamente chamado de irracional. E toma-lhe ataque.
Ficou no inconsciente uma espécie de vale tudo. De guerra entre torcidas, a qual só se pode pertencer a uma delas.
Se é flamengo, odeia o vasco. Se é palmeiras, odeia o corinthias. Se é grêmio, odeia o colorado... e a recíproca é certeira, só muda o estado e o time.
Uma relação entre os dois é impensada, já que em sua "natureza" eles são opostos.
Mas desde quando começou essa guerra entre mente e corpo? Entre o racional e o emocional?
E ela serve prá que, afinal?
Na época do Descartes, aquele que nos dividiu em 2, dava prá entender.
Ele jamais poderia dissecar bichinhos vivos se dissesse que eles têm alma. a Igreja não permitiria. O Estado não permitiria. Tinha um propósito. Alma é só pros humanos. O resto é instinto. É irracional. Deve ser suprimido, abafado, ou pode causar sérios problemas.
Mas e hoje?
Por que a briga continua? Por que o que não é consenso é louco?
OU será que louco é tudo aquilo que discorda de mim?
E quem é o Napoleão nessa hsitória?
A foto acima é uma provocação deliciosa. Afinal, os instrumentos do racional suspendem o irracional e o deixam de pernas pro ar. Sem uso. Sem ter como fazer nada.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
10 comentários:
Ora, Soraya, em vez de Descartes, vamos ler Spinoza -- aí o jogo é bem outro: o corpo e o espírito são um.
Quanto a Napoleão, bem, enquanto ele folheava o texto sobre mecânica celeste de Laplace, perguntou ao cientista sobre a presença de Deus. "Je n'ai pas eu besoin de cette hipothèse", respondeu Laplace.
Ora, Romane, não concordei com Descartes em momento algum. Só falei da herança dele.
Quanto a Napoleão, não falava do próprio, mas de suas incorporações até hoje por aí.
Bem, pelo jeito você pelo menos concorda com a leitura de Spinoza. Ainda bem!
tanto com Spinoza, como com você.
Acontece que Spinoza deixou escrito o que deixou escrito -- ainda que existam dúvidas. Já eu, eu posso dizer tchau, até a proxima -- quem sabe? Mas resistiria a uma espiada para ver o que você vai dizer? Dizer ou escrever?
Um até-amanhã com Cecília Meireles:
Venturosa de sonhar-te,
à minha sombra me deito.
(Teu rosto, por toda parte,
mas, amor, só no meu peito!)
–Barqueiro, que céu tão leve!
Barqueiro, que mar parado!
Barqueiro, que enigma breve,
o sonho de ter amado!
Em barca de nuvem sigo:
e o que vou pagando ao vento
para lever-te comigo
é suspiro e pensamento.
– Barqueiro, que doce instante!
Barqueiro, que instante imenso,
não do amado nem do amante:
mas de amar o amor que penso!
- Anibórirrom?
shiiiiiiiiiiiiiiiii,
Atrasei. Só amanhã.
sugestões?
-- Você fala sem parar. Não dá vez a ninguém.
-- Generosidade minha. Se sou capaz de dizer, seguidamente, coisas interessantes, por que se há de perder tempo ouvindo os outros?!
Mário da Silva Brito
“Cartola de mágico”
Civilização Brasileira, 1976
Postar um comentário