por SORAYA MAGALHÃES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PSICANÁLISE mode ON
domingo, 31 de agosto de 2008
CASTELINHOS
"O mar/ quando quebra na praia/ é bonito!"
Salve Dorival Caymmi!
Gosto do mar pelo poder que ele tem. Pela força da água que derruba a gente e ainda faz girar na água, como se houvesse um ralo ali debaixo. Força centrípeta. Acho que é isso...
De quatro, feito mesa de boteco vagabundo, as pernas bambas - da mesa. O apoio é duvidoso. Sempre.
O biquini cheio de areia, o cabelo em escultura, a boca em pânico sem saber se grita, ri ou chora.
É o caixote!
O tão famoso caixote que destrói reputações e castelinhos.
Tem hora que não dá prá fingir que nada aconteceu e que o controle está em nossas mãos. Duvido alguém aí abrir a porta do castelo de areia tão bem construído. Duvido alguém aí se instalar nele e dizer que resolveu morar ali.
Tá aí a graça do mar: Ele abala! Ele escancara as crises. Ele esfrega na cara que como está não pode ficar. Então é melhor se entregar às ondas até achar a hora certa de sair da água.
Por que é que a gente nega sempre quando vai tudo mal? Por que é que a gente teima em manter umas ilusões quando até o vento já anuncia a destruição da "terra firme"?
O salva-vidas fica ali espreitando, esperando um aceno que nunca vem. Melhor morrer afogado a matar de vez a ilusão?
Sei não.
Duvido que os gatos, de sete vidas, se arrisquem assim no mar.
E como no quadro de Magritte aí embaixo, às vezes é preciso ver que os castelinhos são de areia. Que isto não é um cachimbo. Que os sonhos são... sonhos. E que a segurança da ilusão, (in)felizmente, não é à prova d´água.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
JOVEM E BONITA PROCURA...
Mês passado saí de férias - é o nosso segredinho. Se os pacientes souberem, eles se sentem abandonados e se vingam todos - e comecei num vício terrível do qual julgava já ter me livrado há tempos.
Voltei prás novelas (ai, falei).
E vi uma cena terrível de uma personagem apanhando do marido. Coisa forte prá essas horas de fuga da realidade ou, como dizem, meditação, já que esvazia a mente.
Só que uma frase me chamou muito a atenção, e fiquei encafifada com a tal que me abalou. Não é que uma mulher aconselha a outra com os seguintes argumentos: "Livre-se desse cara. Você é jovem, bonita, não precisa ficar presa a um casamento desse tipo."
Vem cá, se a personagem fosse velha, feia, doente ou sei lá mais o que, ela então teria que se resignar com o destino que lhe foi 'dado'?
Fiquei pensando ainda sobre as mulheres que apanham do marido, sobre as que sofrem com relacionamentos mal resolvidos, sobre as que aturam alguém pelo medo - pânico, prá ser exata - de ficarem sozinhas e desperdiçarem a única chance de serem felizes que elas acreditam ter.
Sim, pois é isso o que passa na cabeça de quem não está lá muito bem com seu parzinho de jarro, de que ele é o último no mundo, de que é a sorte que bateu à sua porta e se fechar, nada sobrará.
Queria que alguém me respondesse que mulher, nessas condições, acredita ser realmente jovem e bonita.
Elas podem se olhar no espelho, podem ganhar a vida com a beleza, podem até ouvir os conselhos das amigas mais preocupadas, mas será que elas realmente se acham assim essa cereja do bolo todo?
Acho que nem a Marilyn Monroe achava tudo isso dela mesma.
Mas agora, que voltei das férias, podemos fazer um trabalho interessante com essas beldades sofredoras que se acham o ó do borogodó.
É só fazer contato.
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