quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

O lado sexy do Jason


 Dei um pulo no médico para ver uma manchinha. Dados novos na minha estética. Sinais de "veiêra". Quem nunca?

Ele respondeu prontamente: " Aqui não posso fazer nada. Mas vamos dar um jeito nessa testa? Aplicar um Botox. Vai ficar lisinha. E se o problema for dinheiro, te faço um preço camarada, pois há um projeto social - olha que bonito.- e você só paga 1/6 do valor em troca do seu direito de imagem. 

Voltei pra casa tentada. Seria esta uma oportunidade imperdível? Estaria eu tão desatualizada assim? Tão resistente aos avanços tecnológicos? 

Quando eu tinha uns 15 anos, uma conhecida me mostrou como sua plástica nos seios havia modificado substancialmente sua vida, e tentava me convencer a seguir seus passos naquela empreitada. O pior - ou o melhor -  é que, o que ela chamava de fantástico, a mim parecia o Frankstein. Não pelo resultado, mas pela antecipação de uma intervenção cirúrgica que eu sequer havia cogitado. Retalhos e queloides num par de seios novinhos era a proposta. E assustada eu disse NÃO.

Pensei nessa testa de azulejos. e ensaiei argumentos. "Mas doutor... Demorei tantas décadas para aprender a me expressar a contendo. E você quer tirar isso de mim? E quem me levará a sério se eu, com esse tamanho pouco, não arquear uma só sobrancelha a la Jack Nicholson,  demonstrando que cheguei no meu limite?"

Busquei no google. Comparei as fotos de Antes / Depois. 

E depois do depois? Qual seria o próximo passo? 

Sobrancelhas de Demônio. Cílios de Anabele. Unhas do Zé do Caixão. Tudo isso combinando aos cabelos Loira do banheiro, que é pra harmonizar bem. Ora bolas, nesse critério eu prefiro a Carrie estranha. 

Imagina só eu demonstrando que me preocupo com alguma coisa, interpretando com o dedo indicador na testa como faz Regina Duarte.  Isso sim seria feio.

Agradeci, como requer a boa educação. Mas seria, no mínimo, desumano, não me expressar com horror aos horrores cotidianos. E para tanto, preciso, sim, de minhas rugas. Porque minhas.



2 comentários:

Unknown disse...

Adorei e achei justíssimo a preocupação com as décadas que demoramos para aprender a nos expressar. Só tem rugas quem viveu.

Érica Arantes disse...

Minha amiga Carol me apresentou ao seu blog. Você tem um talento em dizer coisas profundas de forma leve e divertida e me deixar bem reflexiva. Parabéns